O Ministério Público de Mato Grosso (MPE) afirma que Dilmar Dal Bosco e Pedro Satélite agiram com interesse econômico na criação de Comissão Especial de Transporte na Assembleia Legislativa (ALMT). Ambos deputados atuaram, segundo o órgão, para barrar concorrência pública, beneficiando principalmente a Verde Transportes. Imagens localizadas em busca e apreensão comprovam tratativas. Informações constam em ação proposta na sexta-feira (21).
Mídia apreendida na sede da empresa Verde durante fase da Operação Rota Final, realizada em abril de 2018, contém a descrição: “Reunião em 15/04/10 Sr. Nelmo e Pedro Satélite”. O disco óptico traz em seu conteúdo a gravação de um encontro ocorrido naquela data entre Eder Pinheiro (dono da Verde), Pedro Satélite e seu irmão Nelmo José Wiegert, que era sócio da empresa Transportes Satélite.
Na reunião, segundo o MPE, Pinheiro e Satélite conversaram sobre a necessidade de manutenção das operações precárias do serviço de transporte que eram realizadas por suas respectivas empresas e, ainda, traçaram planos.
“Como pode ser visto no registro da gravação audiovisual, Eder Pinheiro externou sua intenção de monopolizar o mercado adquirindo as linhas exploradas por outras empresas”, afirma o MPE.
A gravação também expõe que ambos estavam convictos de que não haveria dificuldade na obtenção de apoio no Poderes Legislativo e Executivo, tendo Satélite até mesmo argumentado sobre a facilidade em se manipular uma pesquisa de satisfação junto aos usuários para que a manutenção dos serviços fosse justificada.
Filho de deputado
Segundo o autos, imoralidade da relação existente entre Dilmar Dal Bosco e Satélite com os empresários é explicitada em diálogo que um assessor parlamentar teve, em 2017, com o gerente da empresa Verde Transportes, Max Willian, por whatsApp, ocasião em que trataram do filho de Satélite, Andrigo Wiegert (confira a imagem).
O efetivo envolvimento de Wiegert nas tratativas entre os particulares e os agentes políticos, relacionadas ao sistema estadual de transporte rodoviário, também foi confirmado por Max Willian no depoimento que prestou nos autos da investigação criminal, onde afiançou que “Andrigo auxiliava o pai Pedro Satélite a tratar dos assuntos referentes ao setor de transportes em face do Governo do Estado de Mato Grosso ”.