Nascem gêmeos gerados com a genética dos dois pais

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Reprodução
CAMARA VG

Marc e Maya vieram ao mundo na última quarta-feira, 23, em Brasília. Eles são os primeiros gêmeos brasileiros gerados com a combinação genética dos dois pais, Gustavo Catunda de Rezende e Robert Rosselló Garcia. O casal, que está junto há 10 anos, tinha o sonho de ter bebês que reunissem a genética de ambos e conseguiram realizá-lo, graças a uma mudança recente nas regras de reprodução assistida, do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Gustavo e Roberto começaram a buscar maneiras de ter os bebês dessa forma em 2015. A ideia era que a irmã de Gustavo doasse o óvulo, que seria fertilizado com sêmen de Robert e gestado por útero de substituição, mais conhecido como barriga solidária. No entanto, as expectativas foram frustradas quando eles descobriram que pelas regras do CFM, a doadora de óvulo teria que ser anônima e, portanto, não poderia ser da família. No entanto, isso mudou e uma nova resolução passou a valer em maio de 2021, permitindo que parentes de até quarto grau fizessem a ovodoação.

Então, eles retomaram a ideia e usaram os óvulos de Camilla, a irmã de Gustavo, e o útero de Lorenna, prima dele, para fazer a reprodução assistida. Assim, os bebês foram gerados e gestados – e todo o processo foi compartilhado com milhares de seguidores pelas redes sociais, já que Gustavo e Robert mantém o perfil @2depais.

Por lá, eles deram a notícia do nascimento dos bebês e dividiram toda a emoção de, finalmente, receber os filhos nos braços. “Hoje foi sem dúvidas o dia mais longo e mais emocionante das nossas vidas. O sentimento é impossível de se descrever. Não, nunca sentimos nada que se comparasse ao sentimento que tivemos hoje! Nosso amor de casal, que já era o maior do mundo, agora tomou uma proporção imensurável. O amor de uma família que se formou hoje. Nosso maior legado! E precisamos demais agradecer a todos que estiveram presentes nessa mega aventura que foi os nossos últimos meses. Que privilégio ter vocês na nossa história”, escreveram.

CFM permite doação de óvulos de familiares de até quarto grau

Para entender melhor sobre a mudança da resolução, BabyHome conversou com um especialista no assunto, o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH); e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).

“Antigamente, casal homoafetivo não podia receber doação de óvulo e sêmen de familiares. As doações tinham que ser anônimas. Mas isso mudou com a nova resolução do CFM, em maio de 2021”, explica ele.

De acordo com o especialista, antes, entre os motivos pelos quais a prática era proibida, estava o receio de que, mais tarde, o doador se arrependesse e viesse a requerer a paternidade ou maternidade da criança na Justiça. “Nos Estados Unidos, já era permitido. Então, os casais que queriam fazer a reprodução desta forma, iam para lá”, conta.

“Só é recomendado evitar a doação com consanguinidade, como, por exemplo, a irmã doar o óvulo e ele ser fertilizado com o sêmen do irmão. Nesse caso, haveria consanguinidade, que traria riscos ao bebê. Então, se a irmã doa o óvulo, ele precisa ser fertilizado com o sêmen do companheiro, em caso de casais homoafetivos, por exemplo”, detalha.

Fora isso, os riscos são os mesmo de qualquer ovodoação e o processo é parecido. São feitos os mesmos exames e os mesmos procedimentos, com a diferença de que a doadora é conhecida.

Para Caldeira, o número de bebês gerados desta forma deve aumentar nos próximos meses. O próprio especialista diz que já atende um caso em que uma mulher engravidou a partir de doação do óvulo da irmã. Marc e Maya têm poucos dias de vida, mas, pelo jeito, já fazem história.

Fonte: Terra

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