Estudo revela que ao menos 5 milhões de crianças perderam um dos pais ou cuidador durante a pandemia

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ALMT TRANSPARENCIA

O número estimado de crianças que perderam um dos pais ou cuidador, como resultado da pandemia de Covid-19, aumentou para mais de 5,2 milhões em todo o mundo. O alerta é de um amplo estudo publicado no periódico científico Lancet Child & Adolescent Health.

As estimativas do número de crianças afetadas pela morte de um dos pais e de responsáveis quase dobraram nos seis meses, de 1º de maio de 2021 a 31 de outubro de 2021, em comparação com o índice após os primeiros 14 meses da pandemia (1º de março de 2020 a 30 de abril de 2021).

Globalmente, o novo estudo sugere que duas em cada três crianças impactadas são crianças e adolescentes de 10 a 17 anos. Além disso, de acordo com as evidências de que as mortes pela doença afetam desproporcionalmente os homens, três em cada quatro crianças em todo o mundo que sofreram a morte de um dos responsáveis durante a pandemia perderam o pai.

Em geral, as crianças que sofrem a perda de um cuidador têm um risco aumentado de pobreza, exploração e violência ou abuso sexual, infecção por HIV, desafios de saúde mental e sofrimento grave e, em alguns contextos, maior vulnerabilidade ao envolvimento com gangues e extremismo violento, alerta o estudo.

Destaques da análise

Antes da pandemia, havia cerca de 140 milhões de crianças órfãs em todo o mundo. O impacto da Covid-19 na orfandade foi revelado pela primeira vez em um estudo publicado em julho de 2021, que estimou que 1,5 milhão de crianças sofreram a morte de um dos pais ou cuidador entre março de 2020 e abril de 2021 como resultado da doença.

O novo estudo aumenta essa estimativa para mais de 2,7 milhões de crianças no mesmo período, recalculando os dados de números atualizados de mortes por Covid-19, juntamente com os informações em excesso de mortalidade para explicar as mortes indiretas associadas à pandemia.

Enquanto as estimativas de julho de 2021 consideravam 1.562.000 crianças afetadas, as mais recentes apontam 2.737.300 crianças. “Infelizmente, por mais altas que sejam nossas estimativas de orfandade e mortes de cuidadores, elas provavelmente serão subnotificadas, esses números devem crescer à medida que mais dados globais sobre as mortes por Covid-19 ficam disponíveis”, afirmou a pesquisadora Juliette Unwin, do Imperial College, de Londres, em um comunicado.

Usando a mesma metodologia, os pesquisadores estenderam a análise até 31 de outubro de 2021, analisando dados de mortalidade e fertilidade de 20 países que representaram a maior proporção de mortes por Covid-19, incluindo o Brasil, Argentina, Colômbia, Inglaterra, França, Alemanha, Índia, África do Sul, Espanha, Estados Unidos, entre outras nações.

Como realizado anteriormente, a equipe estimou a perda de avós cuidadores usando dados de composição familiar das Nações Unidas (ONU) para a proporção de adultos com mais de 60 anos que moravam na mesma casa que menores de 18 anos, com ou sem um dos pais. Essas proporções foram multiplicadas pelas mortes associadas à Covid-19 na faixa etária relevante para estimar o número de crianças afetadas.

A equipe estima que, durante todo o período de 20 meses do estudo, um mínimo de 3.367.000 crianças sofreram a perda de um dos pais. Outras 1.833.300 crianças foram afetadas pela morte de um avô ou cuidador idoso que morava na mesma casa.

O número de crianças afetadas nos 20 países estudados variou de 2.400 na Alemanha a mais de 1,9 milhão na Índia. Os cálculos de casos estimados de perda de um dos pais per capita mostraram que as taxas mais altas ocorreram no Peru e na África do Sul, com 8 e 7 em cada 1.000 crianças afetadas, respectivamente.

“Demorou 10 anos para 5 milhões de crianças ficarem órfãs pelo HIV e Aids, enquanto o mesmo número de crianças ficou órfã pela Covid-19 em apenas dois anos. Esses números não levam em conta a última onda da variante Ômicron, o que pode aumentar ainda mais o número real. Precisamos agir rapidamente para identificar as crianças por trás desses números, para que possam receber o apoio de que precisam para prosperar”, diz Lorraine Sherr, da University College London, do Reino Unido.

Em todos os países, as crianças eram mais propensas a perder o pai do que a mãe, com mais de três vezes mais crianças sofrendo a morte do pai do que da mãe.

Os pesquisadores também calcularam as idades das crianças que perderam um dos pais em cada um dos países estudados. Os adolescentes representaram uma proporção muito maior dos afetados (idades de 10 a 17 anos representaram 63,6%) do que crianças mais novas em todos os países.

Ações imediatas

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de incorporação de crianças em situação de orfandade em programas sociais, incluindo apoio ao fortalecimento econômico, comunitário e familiar e medidas que evitem colocar crianças em cuidados institucionais.

“Estimamos que, para cada pessoa que morreu como resultado da pandemia de Covid-19, uma criança fica órfã ou perde um cuidador. Isso é o equivalente a uma criança a cada seis segundos enfrentando um risco aumentado de adversidade ao longo da vida, a menos que receba apoio adequado a tempo”, afirmou a pesquisadora Susan Hillis, que conduziu a pesquisa durante junto ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.

Fonte: CNN Brasil

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