NOTÍCIAS | CIDADES VIAGEM NO TEMPO No Centro de Cuiabá, vila com mais de 60 anos foi primeira fábrica de ladrilhos e refúgio da cuiabania

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

Apesar de estar às vésperas de completar 80 anos, Edevanil Rondon tem pouquíssimos cabelos brancos e se gaba da força para “bater perna” no Centro de Cuiabá. Na tranquilidade da Vila Inocência, na rua Comandante Costa, ela usa uma vassoura de piaçava para tirar a água da chuva da frente da casa onde mora há quase seis décadas. Ela brinca ao chamar a si mesma de “patrimônio” da vila, já que é a moradora mais antiga do local.

Antes de ser nomeada como Inocência, em uma homenagem que teria sido feita à Constança de Figueiredo Palma, a dona Bem Bem, o conjunto de casa era chamado de Vila Construtora, em alusão à primeira fábrica de ladrilhos de Mato Grosso que funcionava no mesmo terreno onde seriam construídas residências cuiabanas tradicionais anos depois.

A informação vem da memória de Edevanil, que ora varre a calçada, ora se apoia no cabo da vasoura enquanto conta causos da cuiabania. Quando ela se mudou para o local, precisou construir a casa onde mora até hoje do zero e a vila sequer tinha asfalto, melhoria que chegou apenas quando Dante foi prefeito da cidade.


Edevanil afirma não ter coragem de trocar a localização privilegiada e a tranquilidade da Vila Inocência. (Foto: Olhar Direto)

O terreno foi um presente do pai, João Evangelista Rondon, que era subdelegado e atuou na construção de pontes na região de Mato grosso.

“Na época meu pai tinha boas condições financeiras, me deu esse terreno. Eram poucas casas aqui, tinha a da família Mayolino, tem um galpão que também é deles. Mas ainda não tinham os prédios [conjunto de residências cuiabanas que foram construídas no lugar da fábrica], era só a indústria de ladrinhos. Depois comecei a construir a casa, pouca coisa mudou desde lá”.

Edevanil teve duas filhas e ficou viúva quando tinha 33 anos. Ela brinca que não se casou novamente por não querer “dor de cabeça”, já que afirma tentar viver a vida com tranquilidade na Vila Inocência.

Atualmente, a casa construída por ela no passado foi desmembrada em dois imóveis no mesmo terreno. Um deles serviu como moradia para uma das netas dela.

“Fiquei viúva aos 33 anos, nunca mais quis saber de homem, só serve para dar dor de cabeça. Moro aqui com meus dois cachorros, meus netos sempre aparecem para dormir comigo. Não tem outro lugar para morar como essa vila”.

FONTE: Olhar Direto

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