Não é novidade para ninguém que o ano de 2023 se destacou como um dos mais quentes da história do Brasil, principalmente, em Mato Grosso e Cuiabá, atingindo recordes históricos de altas temperaturas. Ao longo dos últimos meses, a partir de agosto, o Olhar Direto noticiou os principais registros de calor. Confira a seguir a retrospectiva meteorológica deste ano.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou a versão provisória do Estado Global do Clima 2023 no último dia 30 de novembro, desenvolvido com apoio do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No panorama apresentado, o Brasil teve o ano mais quente desde a década 60.
Em quatro meses consecutivos, de julho a outubro, as temperaturas ficaram acima da média histórica, sendo que setembro apresentou o maior desvio (diferença entre o valor registrado e a média histórica) desde 1961, com 1,6°C acima da média histórica no período de 1991 a 2020.
Em 2023, os meses citados foram marcados por calor extremo em grande parte do país e eventos de onda de calor, reflexo dos impactos do fenômeno El Niño, que tende a favorecer o aumento da temperatura em várias regiões do planeta.
Além disso, outros fatores têm contribuído para a ocorrência de eventos cada vez mais extremos, como o aumento da temperatura global da superfície terrestre e dos oceanos.
Ondas de calor
O país registrou nove ondas de calor até o momento, sendo que em novembro, brasileiros sofreram com a onda mais abrangente e persistente, que durou 12 dias seguidos com temperaturas 5°C acima da média.
No entanto, outubro também foi marcado por duas extensas ondas de calor, atingindo principalmente a região Centro-Oeste. Cuiabá chegou a registrar 14 dias de temperaturas acima dos 40ºC.
Recorde histórico
No dia 19 de outubro, Cuiabá quebrou o recorde de calor histórico, atingindo a temperatura de 44,2°C. Até aquele momento, o dia mais quente já visto na Capital foi em setembro de 2020, com 44°C.
Tendência é piorar
Fenômenos como o El Niño e o aquecimento global explicam o clima cada vez mais quente, afetando não apenas o estado, mas o Brasil e outros países do mundo.
Um estudo do Crowther Lab, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, localizado na Suíça, aponta que a Cidade Verde terá um acréscimo de 4,5°C nos termômetros do mês mais quente do ano, disputado por agosto e setembro, até o ano de 2050.
O professor de Climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Dr. Rodrigo Marques, também reforça o estudo e afirma que a tendência é ter temperaturas mais elevadas cada vez mais frequentes.
“É possível que em um futuro não muito distante as temperaturas possam se tornar ainda maiores, uma vez que esses 44,2°C é medido em uma área gramada e com o termômetro em um abrigo na sombra. Bem provável que em áreas com muito concreto e asfalto as temperaturas já tenham chegado próximas dos 48°C”, explicou ao Olhar Direto.