“Paccola agiu de forma precipitada ao não insistir no gerenciamento da situação”, conclui delegado em inquérito

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Foto: Reprodução
CAMARA VG

 

Em inquérito que apura o homicídio do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, morto com três tiros disparados pelo vereador e tenente-coronel aposentado Marcos Paccola, em 1º de julho, o delegado Hércules Batista, concluiu que Paccola agiu de “forma precipitada” ao atirar na vítima.

A investigação é conduzida pela Delegacia Especializada de Proteção à Pessoa (DHHP). O inquérito foi concluído em na terça-feira (19) e o vereador foi indiciado por homicídio qualificado mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

No documento, o delegado da DHPP ressalta ser possível concluir que Paccola não insistiu no “gerenciamento da situação” com Alexandre, que era conhecido como “Japão”.

“Importa consignar que a conduta adotada pelo suspeito não se amolda ao Procedimento Operacional Padrão – POP da própria Polícia Militar. […] Em outras palavras, é possível concluir que o suspeito agiu de forma precipitada ao não insistir no gerenciamento da situação”, diz trecho do inquérito.

Hércules também refuta a alegação de Paccola, que chegou a afirmar que atirou para impedir que o agente socioeducativo atirasse na namorada.

Nos depoimentos expostos no inquérito, testemunhas afirmaram terem ouvido Janaína de Sá, pedir para Japão atirar nas pessoas que estavam na distribuidora onde o crime aconteceu.

Hércules destaca no inquérito que Janaína, em nenhum momento, pediu ajuda em razão de suposta violência doméstica que estava sofrendo no momento da confusão.

“Pelo contrário, segundo o apurado, a vítima sacou sua arma de fogo a pedido da própria namorada, para “defendê-la” e não para agredi-la”.

Através das análises de imagens das câmeras de segurança, o delegado constatou que Japão não apresentou comportamento violento com a namorada.

“As testemunhas também foram coesas em afirmar que, durante a confusão, a própria Janaína, extremamente alterada, empurra por diversas vezes o braço da vítima que tentava apaziguar a situação”.

“Aduzem ainda que Janaína foi quem incentivou/instigou que a vítima sacasse a arma de fogo que trazia na cintura a fim de intimidar as pessoas”.

Filmagens de câmeras de segurança registraram o momento que Paccola atirou em Japão. Em uma das imagens, o ângulo mostra o momento em que Miyagawa conversa com a namorada e saca a arma.

Ela sai andando na frente e Paccola surge na gravação e começa os disparos. Os tiros são efetuados quando o agente estava de frente para a mulher e de costas para o parlamentar.

Segundo o vereador, ele estava passando quando viu a confusão, e depois que desceu algumas pessoas disseram que o agente estava armado, com a mão para cima.

“Vi ele abaixando a arma, ela [a esposa] estava na frente dele, verbalizei 3, 4, 5 vezes [para abaixar a arma] (…) ele não atendeu a essa ordem e aí naquele momento entendendo que ele fosse atirar nela ou fazer o giro para atirar em mim eu fiz os disparos”, afirmou.

Paccola afirmou que foram feitos três disparos, mas que ele não conseguiu ver onde acertaram. Após os disparos, o vereador pediu para que seu assessor retirasse a arma para impedir que Janaina a pegasse.

O assessor, então, teria chutado a arma, e Paccola afirmou novamente para que ele pegasse. Segundo o vereador, Janaina estava muito alterada e havia risco de ela pegar o armamento, ou mesmo que Alexandre, se estivesse vivo, conseguisse alcançá-lo.

FONTE:OLHAR DIRETO

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