A vitória de Mauro contra a oposição que ele construiu

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O governador Mauro Mendes (União) conseguiu uma reeleição tranquila. Ele mesmo definiu a sua trajetória, do início do mandato até a chegada como franco favorito dos eleitores de Mato Grosso. “De vaiado em 2019 ao mais votado da história em reeleição: Mauro Mendes recebe mais de 68% dos votos válidos”, é o título da nota da vitória da sua assessoria de campanha.

 

O governador Mauro Mendes (União) foi reeleito com mais de 68% dos votos válidos, neste domingo (2/10). Foram mais de 1,1 milhão de mato-grossenses que tornaram Mauro o governador mais votado da história em uma reeleição no Estado.

 

“Estou muito feliz e quero agradecer por cada voto depositado em mim. Isso significa muito mais do que o reconhecimento à gestão: é a prova de que as nossas ações têm melhorado a vida das pessoas, e é para isso que temos trabalhado diuturnamente nos últimos anos. Isso demonstra que temos feito política do jeito certo: para o cidadão. Vou retribuir mais essa oportunidade com muito trabalho sério, honesto, com respeito ao dinheiro público e entregando obras e serviços públicos melhores aos mato-grossenses”, comemorou o governador, ao lado da primeira-dama Virginia Mendes, informa a nota da assessoria.

 

Mauro Mendes efetivamente fez muitas obras e ações, apresentou o que ele gosta de dizer: resultados. Mas, sem nenhum demérito à reeleição em números históricos, com méritos próprios, vale lembrar o reforço político que ganhou por ter sucedido a dois retumbantes fracassos: os desgovernos de Silval Barbosa e Pedro Taques. Qualquer comparação é covardia.

 

Engenharia política

 

Mauro fez, também, muita política. É fato, visto com mais clareza em retrospecto, que trouxe amarrados bolsonaristas e parte das forças políticas que eram aliadas de primeira hora, o PSD do senador Carlos Fávaro, e o PP do deputado federal Neri Geller. Mauro trouxe coladas a ele estas forças aliadas até ao final da pré-campanha, deixadas de lado só na hora H das convenções que selaram a sua chapa majoritária. Amarrou todo mundo o máximo que pode, deu certo. Não teve contra si a onda radical do bolsonarismo e as forças aliadas descartadas tiveram pouco tempo de articular uma oposição minimamente eficiente. Ou seja, deve-se creditar também a Mauro Mendes a obra de construção da sua própria oposição, frágil.

 

O prêmio “devagar, quase parando” desta eleição vai, portanto, para a oposição a Mendes. Mais diretamente o PT e o desafeto favorito de Mauro, o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB). Afinal, desde o primeiro dia de mandato de Mendes, eles sabiam que tinham de construir um projeto de oposição. Deixaram, com incrível amadorismo, tudo para ultima hora, aos trancos e barrancos, com muito improviso. A receita para perder feio.

 

No caso do prefeito Emanuel Pinheiro, visto também em retrospecto, é fato: esta improvisação lhe caiu bem, um terno feito sob medida da oportunidade à mão. Conseguiu emplacar a esposa, dona Márcia Pinheiro, como candidata a governadora, o que ajudou muito o projeto maior da família Pinheiro: a reeleição do deputado federal Emanuelzinho. Os Pinheiros estão felizes.

 

A política ensina, por outro lado, que perder ou ganhar uma eleição não é tão simples assim. Muita gente que ganha às vezes sai da eleição com a estatura política apequenada. E quem perdeu, fazendo um bom papel diante da sociedade, soma forças para a próxima disputa. A derrota ensina, mas só para quem tem competência de aprender com os próprios erros ou, bem melhor, aprender com os erros dos outros. Isso é fato, citando como exemplo o próprio governador reeleito Mauro Mendes: aprendeu muito com as suas derrotas eleitorais em 2008 e 2010.

 

Fome

 

Uma constatação ao fim e ao cabo: a fome entrou definitivamente na pauta política de Mato Grosso a partir desta eleição. A temática da desigualdade social deve continuar no centro da discussão da sociedade mato-grossense. O debate do estado rico com povo pobre não se esgotará. O assunto precisa ser tratado com a seriedade que merece, sem deboche.

 

A conferir como se comportarão em Mato Grosso os partidos, os eleitos, os derrotados, no segundo turno da eleição presidencial: o confronto entre Bolsonaro x Lula. Em Mato Grosso, Bolsonaro teve uma vitória folgada. O risco para o bolsonarismo é a soberba, trabalhar pouco e não manter a dianteira conquistada no primeiro turno. Já Lula conseguiu o apoio de parte das lideranças do agro, mas vai precisar ampliar a frente democrática. Lula sabe que o PT não ganha sozinho. A frente alargada é uma forma de, pelo menos, diminuir os números da derrota no primeiro turno no estado.

FONTE:PNB ONLINE

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