O Hezbollah, grupo extremista islâmico sediado no Líbano, assumiu a autoria dos ataques realizados neste sábado (14.out.2023) nas Fazendas Shebaa, área localizada na área norte do Monte Dov na fronteira entre Líbano e Israel. O território é considerado pelo governo libanês como ocupado por israelenses. As informações são do Guardian e do jornal israelense Haaretz.
Em comunicado, a organização afirmou que a ofensiva foi realizada por volta das 15h15 do horário local (9h15, no horário de Brasília). “Grupos pertencentes à resistência islâmica atacaram posições sionistas nas Fazendas Shebaa com foguetes teleguiados e morteiros, atingindo os seus alvos com precisão”, disse.
Segundo o Haaretz, 5 israelenses foram feridos. Dentre eles, uma pessoa está em estado grave e duas estão moderadamente feridas. Moradores das cidades israelenses que ficam próximas à fronteira com o Líbano, como Kibutz Dan, Dafna, Snir e Goshrim, foram orientados a procurar abrigo.
As IDF (sigla em inglês para Forças de Defesa de Israel) comunicaram neste sábado (14.out) em sua conta no Telegram que atacaram “uma célula terrorista que tentou se infiltrar no território israelense” ao mesmo tempo que morteiros eram lançados contra as Fazendas Shebaa.
Também segundo as Forças de Defesa de Israel, aproximadamente 30 morteiros granadas foram lançados em direção ao território israelense depois das ofensivas às Fazendas Shebaa. “As FDI responderam atacando os locais de origem dos lançamentos e continuam a atacar no Líbano”, afirmou.
Embora a guerra seja entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, as forças israelenses e o Hezbollah trocaram ataques desde o início do conflito. O grupo extremista sediado no Líbano comemorou a ação do Hamas que resultou no atual conflito.
Na 6ª feira (13.out), o vice-chefe do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o grupo extremista libanês “conhece perfeitamente os seus deveres” e está “totalmente pronto” para contribuir com as lutas na guerra entre Israel e Hamas.
“A pergunta que todos esperam é: ‘O que o Hezbollah fará e qual será a sua contribuição?’”, disse Qassem. “Contribuiremos para o confronto dentro do nosso plano… quando chegar a hora de qualquer ação, nós a executaremos”, afirmou durante um comício no sul de Beirute, no Líbano.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), Guerra do Yom Kippur (1973), a 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), em 1947, na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, as lideranças árabes não aceitaram a divisão.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense Richard Hecht afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.
Saiba mais sobre a guerra em Israel:
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- o grupo extremista Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro e assumiu a autoria dos ataques no dia seguinte;
- cerca de 2.000 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza. Extremistas também teriam se infiltrado em cidades israelenses –há relatos de sequestro de soldados e civis;
- Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
- o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou (8.out) guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
- líderes mundiais como Joe Biden e Emmanuel Macron condenaram os ataques –entidades judaicas fizeram o mesmo;
- Irã e o grupo extremista Hezbollah comemoraram a ação do Hamas –saiba como é o interior de túneis usados pelo Hezbollah na fronteira entre o Líbano e Israel;
- o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou na 2ª feira (9.out) um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo a ONU, ação é proibida pelo direito humanitário internacional;
- O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky comparou o conflito à guerra na Ucrânia. Afirmou que o Hamas é uma “organização terrorista”, enquanto a Rússia pode ser considerada um “Estado terrorista”;
- Lula chamou os ataques do Hamas de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
- Haverá uma operação do governo para repatriar brasileiros em áreas atingidas pelos ataques. Serão 5 voos para buscar 900 pessoas. O 1º avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para resgate pousou em Tel Aviv na 3ª feira (10.out). A operação deve ser concluída no domingo (15.out);
- Embaixada de Israel no Brasil chamou Hamas de “ramo” do regime iraniano;
- Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também se pronunciaram e fizeram apelo pela paz;
- Bolsonaro (PL) repudiou os ataques e associou o Hamas a Lula;
- Governo começou negociação com o Egito para resgatar brasileiros por meio da fronteira terrestre –a ONU aprovou a proposta;
- O Itamaraty confirmou a morte dos 3 brasileiros que desapareceram durante a rave bombardeada: Ranani Glazer, Bruna Valeanu e Karla Mendes;
- Embaixador do Brasil em Israel disse que não há informações oficiais a respeito de brasileiros sequestrados pelo Hamas;
- Grupo de brasileiros que desejam deixar a Faixa de Gaza chegaram à cidade próxima à fronteira com o Egito no sábado (14.out). O chanceler Mauro Vieira afirmou que o governo egípcio autorizou o grupo a passar por seu território. O avião que fará o resgate decolou de Brasília na 5ª feira (12.out);
- ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
- ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
- OPINIÃO – Dias incertos para o mercado de petróleo, escreve Adriano Pires;
- FOTOS E VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.
Fonte: Portal MSN / Poder 360