Selma afirma que ex-candidato que denunciou suposto caixa 2 estava a serviço de facção criminosa

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CAMARA VG

live da senadora eleita por Mato Grosso, Selma Arruda (PSL), continua a repercutir no mundo político. Em uma das declarações, a juíza aposentada disparou que o ex-candidato Sebastião Carlos (Rede), seu concorrente por uma vaga no Senado, estaria a serviço de uma facção criminosa, quando denunciou o suposto esquema de caixa 2 durante a sua campanha.

"Antes das eleições, um candidato que sequer teve o registro regularizado, teve pouquinho de voto, quem eu qualifiquei que estava a serviço de uma organização criminosa, ele entrou com uma representação contra mim, dizendo que cometi crime de caixa 2 e teria gastos que não estariam de acordo com a lei", disse Selma.

A senador eleita explica que, para não ter amarras com empresários ou outras pessoas que poderiam cobrar favores, optou por "ter um suplente que tivesse condições de arcar com estas despesas. Conheci, gostei, entrevistei e aprovei a figura do Gilberto Possamai (PSL) que é meu primeiro suplente, que foi quem financiou a minha campanha. Ele depositou o dinheiro e paguei com os cheques nomais".

Assita a live completa abaixo:

https://www.facebook.com/juizaselma/videos/425567857977444/

"Dei realmente os cheques e vou dizer o que nosso capitão [presidente eleito Jair Bolsonaro] falou: 'Não se mexe com dinheiro ilícito dando cheque nominal'", completou a juíza aposentada, ao justificar que não cometeu nenhum crime.

Por fim, Selma afirmou que "o processo está correndo e corre contra qualquer um, geralmente eles são muito longos e isso deixa a gente chateado. Estou sentida, me sentindo muito mal. Quando a gente tem vergonha na cara, estas ofensas, calúnias, fazem muito mal para a gente".

Outro lado

A reportagem tentou contato com a defesa do candidato derrotado, Sebastião Carlos, mas as ligações não foram atendidas.

Extorsão

A senadora eleita por Mato Grosso, Selma Arruda (PSL), revelou – durante uma live em sua página do Facebook – que foi extorquida três vezes para ser absolvida no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) das acusações de caixa 2 em sua campanha. Além de valores, as pessoas – que não tiveram o nome divulgado – também teriam pedido cargos à juíza aposentada.

Mesmo dzendo que não tem uma bomba, Selma fez uma grave revelação: "Eu já fui extorquida três vezes por causa desta bagunça [acusação de caixa 2]. Na primeira vez me pediram R$ 360 mil, na segunda R$ 600 mil e na terceira cargos, para me absolver neste processo no TRE. Não cedo a chantagem, extorsão. Vou continuar lutando de cabeça erguida. Se a gente ceder uma vez para a corrupção, ela entranha".

Caixa 2

Conforme dados fornecidos ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Selma gastou em sua campanha cerca de R$ 1,7 milhão. O parecer do MPF, no entanto, cita o recebimento de receita financeira no valor de R$ 1.600,00 via depósito bancário identificado; o recebimento de doações não provenientes de produto do serviço ou da atividade econômica do doador, no valor de R$ 40.040; pagamento de R$ 4.350, antes do período eleitoral, a Ismaela de Deus Souza T. Silva, pelo serviço de secretária executiva; e arrecadação de recursos mediante empréstimo pessoal no valor de R$ 1,5 milhão, que transitou à margem da conta bancária oficial.

Além disso, o procurador apontou que não foi apresentado contrato com a empresa Genius At Work Produções Cinematográficas Ltda, impossibilitando a aferição da data de contratação e do exato valor pactuado com a empresa, estimado em R$ 700 mil.

As irregularidades apontadas por Pouchain já haviam sido evidenciadas em parecer técnico do examinador de contas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Daniel Ribeiro Taurines, no último dia 8 de dezembro.

Ao opinar pela reprovação das contas da senadora eleita, o MPF também argumentou que no parecer de Taurines foram indicados gastos de R$ 450 mil com publicidade, R$ 60 mil com pesquisa eleitoral e outros gastos, que somados chegam ao valor de R$ 300 mil, todos quitados com recursos via ‘caixa 2’ e em período proibido pela Justiça Eleitoral.

O advogado Diogo Sachs, responsável pela defesa da senadora eleita Selma Arruda (PSL), criticou o parecer do procurador Pedro Melo Pouchain Ribeiro, da Procuradoria Regional Eleitoral de Mato Grosso, que opinou pela desaprovação das contas de campanha e apontou prática de ‘caixa 2’ por parte da juíza aposentada. Sachs acusou Pouchain de antecipar, na análise, o julgamento de outras ações e de não ser isonômico, uma vez que não teria cobrado de outros candidatos declaração de gastos na pré-campanha.

Segundo Diogo Sachs, o parecer ministerial se aprofunda em provas constantes de Ação de Investigação Judicial Eleitoral, e que ainda não ultrapassaram a fase do contraditório, indo além do que determina o exame de contas. “Ou seja, o promotor antecipa em parecer de procedimento de prestação de contas, assunto que é pertinente ao mérito de outra ação ainda em trâmite”, concluiu.

“Ainda é preciso frisar que nos termos do art. 99, da já mencionada Res. 23.553, a ação de investigação eleitoral e prestação de contas são procedimentos distintos, portanto, o resultado de um não interfere no outro. Por fim, trata-se apenas de um parecer. É importante, mas não define sozinho o destino do candidato, porque as contas ainda serão julgadas”, destacou o advogado.

Atualizada e corrigida às 10h58.

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