Fonte: Olhar Direto
Uma enfermeira de Cuiabá está proibida de ver o filho, por conta da pandemia da Covid-19. Para a Justiça, ela pode levar o coronavírus para casa e contaminar a criança de sete anos, que atualmente vive com o pai no Paraná. O programa Fantástico, da Rede Globo, contou a história no último domingo (7).
Segundo a reportagem, com a chegada da pandemia, a enfermeira foi para linha de frente. “Conversei com o pai do meu filho sobre a possibilidade do meu filho ir para lá porque ele trabalha em casa. Dessa forma, ele conseguiria ficar mais isolado do que eu”, conta.
Na época dessa conversa, a enfermeira e o ex-marido tinham a guarda compartilhada. Como o caso envolve menor de idade, os pais e a criança não podem ser identificados.
Quando se separaram, há dois anos, os pais fizeram um acordo na Justiça. Ficou estabelecido que a enfermeira morraria com o filho. O ex-marido, que vive no Paraná, ficava com o menino nas férias. A enfermeira diz que ficou preocupada com a pandemia e achou melhor o filho ficar com o pai por alguns meses. Mas desde março, ele está com o pai.
O pai entrou na Justiça com um pedido de modificação de guarda, alegando também que o filho já está adaptado à nova rotina e teria manifestado interesse em ficar com o pai. Há duas semanas, uma juíza de primeira instância concedeu a chamada “tutela de urgência” para ele.
Ou seja, o menino pode continuar morando com o pai, no Paraná. Na decisão, a juíza fala que está “configurado o perigo de dano, sobretudo diante da profissão exercida pela mãe, enfermeira, e pelo fato de a pandemia da Covid-19 ainda não estar controlada em nenhum estado da federação”.
“Eu não posso ser mãe e ser enfermeira? Eu vou ter que deixar minha profissão para poder cuidar do meu filho? Me deixou indignada, não só como mãe porque eu estou sendo impedida de chegar perto do meu filho, mas por conta de ser uma profissão que foi primordial nesse período de pandemia”, desabafa a enfermeira.
O Conselho de Enfermagem de Mato Grosso (Coren) se pronunciou favorável a profissional e ressaltou que 82% da enfermagem é constituída por mulheres, das quais 49% são chefes de família.