CPI que parta de Bolsonaro até Lula”: o jogo da mentira verdadeira

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Roque de Sá/Agência Senado; José Cruz/Agência Bras
CAMARA VG

Bolsonaro passou quatro anos disparando mentiras que guiaram os golpistas radicais na tentativa de golpe do 8 de janeiro. Quatro anos de mentoria sinistra contra a democracia.

O bolsonarismo é movido pela mentira. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma defesa pública sincera e verdadeira do ato de mentir. Mente descaradamente e motiva seus seguidores a acreditar e repassar as mentiras que diz. É dentro desse contexto que as declarações do senador Marcos do Val (Podemos) precisam ser avaliadas. A revelação que o nobre senador bolsonarista fez tem o tom de farsa, jeito de farsa e intenções verdadeiras:

 

– Ao revelar que iriam grampear o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, na verdade buscam tirar o magistrado do comando do processo sobre o 8 de janeiro. O sonho de consumo dos bolsonaristas implicados na tentativa de golpe é escapar da caneta do “Xandão”. Torná-lo parte interessada seria uma forma de afastá-lo do processo;

 

– Na entrevista à Globo News, nesta quinta-feira (02), o senador Marcos do Val falou da realização de uma CPI que “parta de Bolsonaro para chegar até Lula”. Implicar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva por omissão e prevaricação na tentativa de golpe é a intenção verdadeira da turma do Val;

 

– Reduzir a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe a um episódio com muitas versões e poucas provas é uma maneira de retirar a responsabilidade dele com mentor do golpe. Bolsonaro passou quatro anos disparando mentiras que guiaram os golpistas radicais a chegar até onde chegaram: a manifestação violenta contra o Congresso, STF e o Palácio do Planalto. Quatro anos de mentoria sinistra contra a democracia não podem ser jogados no buraco da memória.

 

A revelação que o nobre senador bolsonarista fez tem o tom de farsa, jeito de farsa e intenções verdadeiras

No site Congresso em Foco, o jornalista Rudolfo Lago traz bons argumentos sobre o lado factual do jogo de farsa verdadeira de Marcos do Val e das implicações legais que podem trazer, ou não, para o colo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Vale conferir:

 

Em menos de 12 horas, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) mudou de versão a respeito da tentativa de golpe de Estado e, em vez de ajudar o ex-presidente Jair Bolsonaro, atribuiu dois crimes a ele. Na primeira versão, contada por Marcos do Val à revista Veja, Bolsonaro era parte ativa da tentativa de golpe. Na segunda versão sustentada agora por ele, Bolsonaro ouviu a tentativa de golpe e nada fez para contê-la ou denunciá-la. A primeira versão enquadra Bolsonaro no crime de golpe de Estado, previsto no artigo 359-L do Código Penal. A segunda versão coloca o ex-presidente como autor do crime de prevaricação, previsto no artigo 319 do mesmo Código Penal.

 

Em uma entrevista nervosa no início da tarde no Senado, Marcos do Val foi confrontado com o fato de que sua mudança de versão apenas joga Bolsonaro do cometimento de um crime para o cometimento de outro. “Se Bolsonaro soube da proposta e nada fez, é preciso perguntar a ele”, respondeu o senador.

 

Na primeira versão, que Marcos do Val anunciou ao participar de uma live do Movimento Brasil Livre (MBL), ele afirmou, em entrevista à Veja que Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira (sem partido-RJ) lhe propuseram participar de uma tentativa de golpe. A ideia consistia em fazê-lo gravar ilegalmente uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na qual o ministro se incriminasse. A gravação seria usada, então, contra Moraes dando início ao golpe. Marcos do Val não apenas não aceitou a proposta como a denunciou a Moraes.

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