Mato Grosso viveu a tentativa criminosa de grampear um magistrado

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CAMARA VG

O plano golpista revelado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), que disse em uma transmissão ao vivo nas suas redes sociais que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a participar de um golpe de Estado, incluía grampear o ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, para desmoralizá-lo junto à sociedade e até prendê-lo.

 

Em entrevista à revista Veja, o parlamentar detalhou que Bolsonaro o procurou em 9 de dezembro do ano passado propondo uma forma de tentar impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se manter no poder. A ideia de Bolsonaro, segundo contou o senador, era que Do Val gravasse uma conversa sua com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moares, com o objetivo de descredibilizar o ministro. Isso seria o pretexto para executar o golpe.

 

“A ideia era que eu gravasse o ministro falando sobre as decisões dele, tentar fazer ele confidenciar que agia sem observar necessariamente a Constituição. Com essa gravação, o presidente iria derrubar a eleição, dizer que ela foi fraudada, prender o Alexandre de Moraes, impedir a posse do Lula e seguir presidente da República. Fiquei muito assustado com o que ouvi”, contou à Veja.

 

Do Buraco da Memória: Grampolândia Pantaneira

 

Mato Grosso viveu uma situação criminosa semelhante em  2017, durante a investigação da chamada Grampolândia Pantaneira. Os envolvidos em escutas ilegais tramavam grampear o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça do Estado (TJ/MT). A ideia era gravar o magistrado, tirar de contexto as falas para tentar descredenciá-lo junto à sociedade e, como desdobramento, afastá-lo da condução do caso. Os envolvidos na tentativa de gravação criminosa do desembargador eram policiais militares e o plano incluía o uso de uma câmera escondida dentro da farda de um PM.

 

“A ideia era que eu gravasse o ministro falando sobre as decisões dele, tentar fazer ele confidenciar que agia sem observar necessariamente a Constituição”

No dia 05 de Outubro de 2017 o PNB Online registrou essa tentativa de gravação clandestina contra o desembargador Perri, tal qual o plano bolsonarista de gravar o ministro Moraes. A matéria é de Sílvia Devaux.

 

Num depoimento de mais de duas horas, na manhã desta quinta-feira (05), o sargento da Polícia Militar João Ricardo Soler confirmou à delegada Ana Cristina Feldner que foi o responsável pela instalação de uma microcâmera na farda do tenente-coronel José Henrique Soares, a mando do ex-secretário-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco.

 

O advogado do sargento, Reinaldo Josepp, em entrevista à TV Record local após o depoimento desta manhã, disse que seu cliente somente atendeu às ordens do coronel sem mesmo ter conhecimento para qual funcionalidade seria usada a câmera.

 

Soler foi um dos presos da Operação Esdras da Polícia Civil acusado de envolvimento na tentativa de obstruir as investigações das interceptações telefônicas clandestinas da Polícia Militar que fez uso de “barriga de aluguel” para ouvir políticos, advogados, médicos, servidores e um jornalista no estado.

 

Na decisão que determinou as prisões, o relator do caso no Tribunal de Justiça, o desembargador Orlando Perri, destacou que o sargento teria instalado a microcâmera na farda do policial que atuava como escrivão nas investigações dos grampos na PM com a intenção de gravar uma conversa com ele (Perri) para ser utilizada fora de contexto, de forma a forjar provas para afastá-lo do processo.

 

O sargento, que exercia cargo comissionado na Casa Militar, como gerente de Contra Inteligência, e foi exonerado da função no dia 29 de setembro, após ser preso, passa a colaborar com as investigações, conforme o advogado Reinaldo Josepp. Ele seria um dos poucos militares no estado a ter um amplo conhecimento em espionagem.

FONTE:PNB ONLINE.

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