Dá para acreditar na mudança repentina de Alckmin após dizer que Lula queria voltar à cena do crime?

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CAMARA VG

Está mesmo difícil viver por aqui. Não há em quem acreditar. Vejam bem: até ontem, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin era uma pessoa do bem. Sempre foi visto assim. Tanto que governou São Paulo por quatro vezes. E, se disputasse a eleição deste ano para o governo do Estado, venceria mais uma vez, deixando o menino maluquinho Fernando Haddad, do PT, desolado no seu canto a carregar o fardo da derrota. Evidentemente que com Alckmin (PSB) fora da disputa e também Guilherme Boulos (Psol), está tudo como deseja o menino maluquinho. Traído covardemente, Alckmin deixou o PSDB, do qual foi um dos fundadores, depois de 33 anos. Já Boulos desistiu do governo paulista e vai disputar uma vaga de deputado federal, a pedido de Luiz Inácio da Silva. Assim, os votos de Boulos vão para Haddad.

Alckmin ia disputar o governo de São Paulo mais uma vez, mas eis que entrou no seu caminho, como uma alma penada, a figura sinistra e corrupta de Luiz Inácio da Silva. E o ex-governador mudou de ideia, vai ser o vice na chapa de Lula. Filiou-se ao PSB e, de repente, virou socialista. Aí é que entra a angústia de saber em quem acreditar. O homem faz a circunstância ou a circunstância faz o homem? No discurso de filiação ao PSB, Alckmin fez tantos elogios a Lula que os dirigentes do decadente PSDB não acreditavam no que estavam ouvindo. Não faz muito tempo que, para Alckmin, Lula não passava de um ladrão. Só isso. Um ladrão.

Mas agora as coisas mudaram. De cara, Alckmin disse no seu discurso de filiação ao PSB: “Temos que ter os olhos abertos para enxergar e a humildade para entender que hoje Lula é o que melhor reflete e interpreta o sentimento da esperança do povo brasileiro. Ele representa a democracia”. Pqp, não é brincadeira! A equipe que vai cuidar da campanha de reeleição do presidente Bolsonaro já está recolhendo vídeos antigos em que Alckmin fala de Lula. Em 2017, por exemplo, na convenção nacional do PSDB, Alckmin afirmou que, depois de ter quebrado o Brasil, Lula seria candidato para “voltar à cena do crime”.  Não vai ficar bem.

Mas, por enquanto, vamos ficar nos elogios atuais. Alckmin observou que aqueles que criticam e desconfiam, que agem de maneira displicente em relação aos resultados das eleições, estão, na realidade, ofendendo a democracia. Aqueles que ameaçam o parlamento estão ameaçando a democracia. Os que agridem o Supremo Tribunal Federal estão agredindo a democracia. Mas Alckmin não citou o nome de Bolsonaro. A seguir, ele cumprimentou todo mundo como “companheiros”, dizendo que o Brasil vive um grave momento na vida nacional devido às ações dos que assombram o país. O ex-governador foi além ao dizer que não tem dúvida: se Deus quiser, Lula vai reinserir o Brasil no cenário mundial. E que o país precisa ser bom não só para alguns, mas para todos.

Afirmou, ainda, ser preciso esquecer as discussões passadas. Foram coisa de momento. Adiantou que o tamanho do desafio pela frente fez dele e de Lula “aliados de primeira hora”. Foi uma festa petista, com um homem que, durante 33 anos, vestiu a camisa do PSDB, de onde saiu humilhado por gente que não sabe de nada. Uma festa petista. Até a Gleisi Hoffmann discursou, falando as palavras de sempre, que decorou faz tempo. E Alckmin parte para a nova vida. Afinal, dá para mudar assim de repente? Dá para acreditar nessas palavras? Homem honesto Alckmin é. Mas não está em boa companhia. 

 

Por Álvaro Alves de Faria

Fonte: Jovem Pan

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