Delegado diz que depoimento de marido de médica foi “evasivo”

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O delegado Christian Cabral, da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), avaliou como “evasivo” o depoimento do médico urologista Aritony de Alencar Menezes, marido da também médica Leticia Bortolini – acusada de atropelar e matar um verdureiro no sábado (14).

O depoimento foi dado na Deletran na tarde de terça-feira (17). O médico compareceu à delegacia acompanhado dos advogados Giovane Santin e Clarissa Bottega.

“O Arytone foi bastante evasivo. Não esclareceu muita coisa”, disse o delegado ao MidiaNews.

Aritony estava como passageiro do Jeep Compass, quando sua esposa atropelou o verdureiro Francisco Lucio Maia, 48 anos, na Avenida Miguel Sutil. O casal voltava do Festival Braseiro.

“Ele alegou que bebeu apenas três copos de chopp no evento e que não viu se a mulher teria ingerido ou não bebida alcoólica. Falou que estava muito cansado, entrou no carro e dormiu, enquanto a mulher dirigia o carro no retorno para casa”, conta o delegado.

Na noite do acidente, o médico chegou a ir ao Central de Flagrantes de Cuiabá prestar depoimento na condição de testemunha, entretanto “desapareceu” da delegacia antes de ser ouvido.

“Ele disse que saiu da delegacia sob risco de linchamento, porque chegaram pessoas na delegacia e começaram a hostilizar ele e a Letícia. Não se sentindo a vontade, ele decidiu ir embora”, disse advogado.

Em razão de o médico ter deixado a delegacia sem prestar depoimento, o delegado conta que a hipótese de a esposa ter assumido a autoria do atropelamento para livrar o marido de possíveis acusações começou a ser estudada.

“Nós tivemos que abrir essa linha de investigação graças a esse comportamento dele”, afirmou o delegado.

Apesar de testemunha, o médico não é acusado de nenhum crime. Entretanto, o delegado não descarta indiciá-lo por não prestar socorro à vítima.

Segundo o delegado, imagens de câmeras de segurança do entorno do evento, assim como do evento, serão recolhidas para constatar os fatos.

 

Reprodução

urologista Aritony de Alencar Menezes

Urologista Aritony de Alencar Menezes chegando para prestar depoimento acompanhado dos advogados

Investigação

O delegado ainda pretende ouvir outras testemunhas que viram o casal no festival ou presenciaram o atropelamento.

Cabral informou que, apesar de ter o prazo de 30 dias para a conclusão do inquérito, pretende finalizar a investigação até o fim deste mês.

Concluídas as investigações, o delegado deve encaminhar o documento ao Ministério Público Estadual (MPE) para que um promotor decida se oferece ou não denúncia contra a profissional.

 

Depoimento

Ao delegado, o médico confirmou que o casal voltou do Festival Braseiro, às 19h30. Na festa, que era open bar, ele afirmou ter bebido alguns copos de chopp, no entanto não soube afirmar se a mulher ingeriu ou não bebida alcoolica.

"Que tão logo saiu do estacionamento do local, o depoente pegou no sono e dormiu até chegarem na residência de seu pai. Haja vista que havia um grande engarrafamento de veículos na saída do local", diz trecho do depoimento do médico ao delegado.

Ele também conta que a esposa tem o hábito de tomar bebidas alcoólicas socialmente.

O médico disse ao delegado que o casal foi para residência de seu pai, no Jardim Itália, para pegar o filho e seguir para casa. 

No caminho, contou que prosseguiu dormindo e só tomou conhecimento do acidente após a chegada dos policiais militares na casa do pai.

Ainda no depoimento, ele alega que a esposa não lhe contou em momento algum sobre o atropelamento.  

"Após uns cinco minutos, chegaram policiais militares, perguntando sobre a Letícia, ao que o depoente indagou o porquê, oportunidade em que os policiais informaram que o carro dela havia atropelado e matado uma pessoa. Que, somente nesse momento o depoente tomou conhecimento do acidente praticado por Letícia", diz em outro trecho.

"Os policiais lhes mostraram os danos causados no veículo no paralama e na porta do lado esquerdo do Jeep", consta. 

Em outro trecho do depoimento, ele disse que não foi o responsável por deletar as contas das redes sociais da médica, pois não tem a senha. Entretanto, tentou apagar as suas páginas para evitar discurso de ódio.

Em sua conta do Instagram, a médica publicou fotos do Festival Braseiro.

 

O caso

Francisco morreu enquanto tentava atravessar a Avenida Miguel Sutil com seu carrinho com verduras, por volta das 20h do sábado.

Marido e mulher teriam apresentado sinais de embriaguez, segundo a Polícia.

Uma pessoa que presenciou o acidente foi atrás do casal e viu o momento em que o carro entrou em um condomínio no Jardim Itália.

A Polícia Civil foi acionada e a médica autuada por homicídio culposo no trânsito e omissão de socorro.

Na audiência de custódia, no domingo (15), a juíza Renata Parreira converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva.

A médica foi solta após o desembargador Orlando Perri conceder o habeas corpus, na noite de segunda-feira (16). 

Midia News.

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