Delegados comentam trabalho de mais de 50 dias para investigar e concluir caso Isabele: “sob pressão”

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Foto: Rogério Florentino/ Olhar Direto
CAMARA VG

Fonte: Olhar Direto

Passados 51 dias de muito trabalho investigativo e de um crime, que foi elucidado como homicídio doloso, mas sem a motivação confirmada, a morte da adolescente Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, dentro do condomínio Alphaville I, no bairro Jardim Itália, em Cuiabá, já é considerado um dos crimes mais relevantes trabalhado pela Polícia Civil e Politec no ano de 2020.

São mais de mil páginas do processo e pelo menos 30 pessoas ouvidas. Dois delegados ficaram à frente desse processo, sendo um da Delegacia Especializada dos Direitos e Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica) e Delegacia Especializada do Adolescente. Os dois chefes de polícia são Francisco Kunze e Wganer Bassi.

Em coletiva nesta semana, ambos declararam como ocorreu o trabalho, que levou 51 dias, juntamente com investigadores, escrivães e peritos. “Com Certeza, um caso extremamente complexo que exigiu muito trabalho investigativo e muito trabalho técnico da Politec e dos investigadores da Polícia Civil. Realmente a pressão, principalmente pela parte da família da vítima e da imprensa foi grande e a gente já está acostumado. São 15 anos de polícia e a gente já tem um know how, entende que o trabalho tem que ser técnico. A gente não pode ceder a pressão, fazer tudo em seu tempo e obedecer os critériuos técnicos existentes nos autos”, disse o delegado Wagner Bassi, titular da DEA.

Já o delegado Francisco Kunze, explicou que em 17 anos de polícia, ele já trabalhou com crimes mais violentos e mais complexos, mas por conta disso o caso da menina Isabele não deixa de ser mais um que será bastante debatido por muito tempo.

“Não foi o mais difícil que eu trabalhei, mas com certeza é um dos mais complexos. É um caso relevante e garanto para vocês que por ser dentro de um condomínio de alto padrão ou por envolver famílias da alta sociedade, não muda nada. Para a Polícia Civil a relevância é igual e fazemos igual sempre. Temos que ter responsabilidade com todos os casos que investigamos”, disse Kunze, titutlar da Deddica.

Para Wagner Bassi, simultaneamente com o caso Isabele, por ser delegado único na DEA, ele teve que trabalhar em outros 49 casos, pois a delegacia recebe em média 50 atos infracionais.

“A gente tenta se manter neutro, ne? Houve pressão dos dois lados, a gente tenta focar no trabalho técnico não absorvendo as interpretações pessoais e subjetivas. Cada informação que chegava, todos foram checados. Inclusive boatos nós conferimos para tirar nossas conclusões. Instauramos hoje 50 autos infracionais mensais, então hoje temos 800 atos infracionais em andamentos por ano e mesmo assim conseguimos elucidar um caso complexo desses”, comentou o chefe de polícia.

O caso

A adolescente de 14 anos, responsável pelo disparo que matou Isabele Guimarães Ramos, de mesma idade, no dia 12 de julho, no condomínio Alphaville, em Cuiabá, responderá por ato infracional análogo a homicídio doloso. Concluiu-se na investigação que ela, no mínimo, assumiu o risco ao apontar a arma para o rosto da amiga e não verificar se a arma estava pronta para o disparo.

A sua pena máxima, conforme o delegado Wagner Bassi, poderá ser uma internação de até três anos, em estabelecimento educacional. Isso pode ocorrer durante o processo ou somente após a conclusão dos trabalhos na Justiça. Em casos envolvendo adolescentes, não há prisão.

As investigações mostraram que a versão apresentada pela adolescente de 14 anos não condiz com o que se apurou e com o que consta nos laudos da perícia.

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