Maior forte militar português fora da Europa já pertenceu a MT e dá para chegar lá de carro

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Foto: Pelos Brasis
ALMT TRANSPARENCIA

Olá, viajantes! Nas últimas três colunas estávamos desfrutando das belezas naturais de Mato Grosso e agora atravessamos com nossa kombinha a divisa de Rondônia. Juntos vamos explorar o que nosso estado vizinho tem de opção para quem gosta de viajar de carro. Quem está acostumado a olhar sempre para o litoral nos momentos de lazer pode se surpreender ao reparar o que o oeste brasileiro e a Amazônia, tão pertinho de nós, têm a oferecer. Quer um spoiler? Um dos melhores cafés do Brasil está aqui, assim como produtores locais de cacau e chocolate, além de sabores e belezas amazônicas.

Entramos em Rondônia por Vilhena e já sabíamos que uma parada obrigatória seria no município de Costa Marques, para “fecharmos” a história que contamos na coluna passada, quando visitamos Vila Bela da Santíssima Trindade, a primeira capital de Mato Grosso. A ligação das duas cidades data do período colonial, quando Vila Bela foi planejada por Portugal estrategicamente na fronteira com o território Espanhol para evitar possível invasão e retomada de território que havia sido ocupado pelos colonizadores do Brasil em desrespeito ao Tratado de Tordesilhas.

Costa Marques pertencia à capitania de Mato Grosso (cuja capital era Vila Bela) e abriga o Real Forte Príncipe da Beira, a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa. Instalado no século 18 às margens do Rio Guaporé, o forte, que depois foi desativado, deu origem à cidade.

A localidade por muito tempo se ligou a Vila Bela pelo Rio Guaporé, cujas águas dividem o que hoje é Brasil e Bolívia, numa viagem que chegava a durar mais de 3 meses. Quando estávamos em Vila Bela, ouvimos falar muito sobre Costa Marques e o Forte Príncipe, principalmente de pessoas mais velhas. A relação, ainda hoje, se faz presente para alguns moradores.



O acesso ao Forte é gratuito, mas só pode ser feito com guias. Não há necessidade de contato prévio. Ao chegar no local, é possível encontrar esses guias e, após a visita, fazer uma contribuição pelo serviço. O homem que nos atendeu chama-se Angel e é da quinta geração de escravizados do Forte. Ele é quilombola caboclo, fruto da mestiçagem de negros e indígenas característica da região. Essa é outra semelhança semelhante com Vila Bela. Lá também negros e indígenas sobreviveram juntos pós-colonização e escravização, apesar de alguns indígenas das duas regiões terem conseguido permanecerem isolados por mais tempo.

Na região de Costa Marques, viveram mais de 1000 etnias diferentes. O território está incluso no que os colonizadores Europeus classificaram como “Chiquitania”, área habitada por indígenas “Chiquitanos” ou “Chiquitos”, assim rotulados pela baixa estatura. Angel nos conta que comunidades quilombolas resistiram após a coroa portuguesa abandonar o Forte. Foram mais de 300 construções militares construídas ao longo da fronteira brasileira e essa é a maior justamente pelo fato de a área ser a mais isolada e, por isso, mais propícia a possíveis invasões.

Não há registro de uma tentativa de ocupação espanhola, sequer. Os maiores riscos ali foram impostos pela natureza, como a malária, e a violência do processo de colonização, que incluí o trabalho de instalação, o período de atividade do Forte e depois a forma como aquilo foi abandonado. Entre as ruínas, uma área bem preservada é a da masmorra, em que os presos eram colocados para sofrer até a morte. Há mensagens na parede em português arcaico que mantém vivo o sofrimento ali imposto. Também estão no local, dispostos em áreas estratégicas, canhões reais usados na proteção da edificação.

 

FONTE: OLHAR CONCEITO / PELOS BRASIS 

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