Pai de Wesley e Joesley Batista vai assumir presidência da JBS

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CAMARA VG

A família Batista decidiu indicar o patriarca José Batista Sobrinho, fundador do Grupo JBS, para substituir Wesley Batista na presidência da companhia, segundo três fontes da empresa. O anúncio oficial deve ser feito ainda neste domingo.

O nome do novo presidente foi aprovado por unanimidade pelo conselho de administração da companhia, que se reuniu na noite de sábado. Única representante do BNDES no momento, Cláudia Santos votou a favor da proposta. Detentor de uma participação de 21,3% da companhia, o banco estatal tem direito a dois assentos no colegiado, mas um posto está vago.

José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro, tem mais de 80 anos, mas dava expediente todos os dias na empresa. O argumento da família é que ele dará "estabilidade" à companhia, cumprindo o mandato do filho Wesley, que se encerra apenas em 2019.

A família estava decidida, até sábado, a indicar Wesley Filho, filho de Wesley Batista, para a presidência e entrar em rota de colisão com o BNDES, que já havia indicado Gilberto Tomazoni, presidente de marcas globais da JBS, para o posto de presidente interino. O nome do fundador surgiu como terceira via, por sugestão da J&F, holding controladaora da JBS. Na avaliação da família, seria difícil levantar argumentos contra o nome de Zé Mineiro, já que se trata de um "símbolo" na companhia e não há acusações contra ele.

A conselheira Cláudia Santos transmitiu a ideia ao banco, que aceitou, por ordem do presidente, Paulo Rabello de Castro. Assim, foi possível que as partes apresentassem um nome acordado, sem dar a impressão de fissura entre os sócios ao mercado.

Por ser muito jovem, Wesley Filho seria alvo de críticas, avaliou a família. José Batista Júnior, o Júnio Friboi, teria dificuldades em assumir a companhia por já ter seus próprios negócios. Além disso, a recomendação de órgão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) de que Júnior seja condenado por cartel inviabilizou qualquer movimento nesse sentido, segundo uma fonte.

Neto do novo presidente, Wesley Filho deixará os Estados Unidos, onde comandava a divisão de carnes da JBS USA, e passará agora a morar no Brasil, ocupando o cargo de diretor estatutário da JBS.

A ideia é que ele, André Nogueira (presidente da JBS nos EUA), e Gilberto Tomazoni (presidente de marcas globais da JBS) formem um grupo de "liderança de executivos" e trabalhem ao lado de José Batista Sobrinho, assessorando-o no comando da gigante global de alimentos.

Surpresa. Diante da postura beligerante do presidente do BNDES na última semana, o fato de a representante do banco ter acatado o nome de Zé Mineiro no comando foi recebida com certa surpresa. A eleição traz alívio ao clã Batista, já que pacifica os ânimos num momento delicado para a companhia. A avaliação é que o BNDES perdeu armas na tentativa de afastar a família do comando.

Apesar disso, o processo de arbitragem atualmente em curso será mantido. Isso porque o BNDES quer impedir que representantes da família no conselho votem em processos para responsabilizar Wesley e Joesley Batista por prejuízos causados à JBS. Os Batistas não aceitam que sejam excluídos da deliberação.

Wesley Batista está preso desde quarta-feira passada na Operação Tendão de Aquiles, que investiga se o empresário usou informação privilegiada para lucrar indevidamente no mercado de ações e de câmbio. A defesa do bilionário teve um pedido de habeas corpus negado pelo TRF da 3a. Região, em SP.

Como Wesley era integrante do conselho de administração da JBS, também haverá mudanças por lá. Para seu lugar, irá Aguinaldo Gomes Ramos, membro da família, que trabalhou na JBS Mercosul, em operações do Uruguai e do Paraguai.

Conglomerado. A holding J&F, que controla a JBS, também apresentará novos nomes para integrar sua gestão. O presidente da holding, Joesley Batista, está preso desde o domingo passado, dia 10, acusado de omitir informações de seu acordo de delação premiada. Ele também teve pedido de prisão preventiva na operação que investiga a atuação dos irmãos nos mercados com uso de informação privilegiada.

Ao contrário da JBS, no comando do conglomerado, a sucessão não deve feita dentro da família. A ideia é que executivos que já trabalham na J&F passem a ocupar a diretoria e o conselho de administração da holding.

A J&F tem 42% da JBS e é dona ainda da Flora, de higiene e limpeza, da Âmbar, de energia, e do Banco Original. A companhia vendeu nos últimos meses sua participação na Vigor ( lácteos), na Alpargatas (calçados) e na Eldorado (celulose). Tenta ainda selar a venda das linhas de transmissão da Âmbar, processo ainda em andamento.

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