Saída “salomônica” dá nome de Ramis Bucair à Salgadeira e encerra briga de Taques e Emanuel

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CAMARA VG

O risco de aumentar a beligerância entre o governador José Pedro Taques (PSDB) e o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) por causa da denominação do MT-251 deve estar com os dias contados. Numa alternativa salomônica, o deputado estadual Wilson Santos (PSDB), vice-líder do governo na Assembleia Legislativa, apresentou projeto de lei projeto de lei que denomina “Ramis Bucair” o Complexo Turístico da Salgadeira, na divisa entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães.
 
A medida deve diminuir a tensão entre os Palácios Paiaguás e Alencastro, agravada  quando Pedro Taques ameaçou trocar o trecho duplicado da Rodovia Emanuel Pinheiro, entre o trevo da Guia e a Fundação Bradesco. Em resposta, Pinheiro anunciou que o cemitério do CPA (Morada da Serra), na região norte de Cuiabá, teria a denominação de Crematório Pedro Taques.

Defensor da homenagem para Ramis Bucair e responsável pela reconstrução do Terminal da Salgadeira, que deve ser inaugurado até o dia 30 deste mês pelo governador Pedro Taques, o vice-líder do governo tratou de colocar panos quentes. E apresentou o projeto de lei para Ramis Bucair dar nome ao Complexo da Salgadeira, um dos principais pontos turísticos de Mato Grosso, no entorno do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, na rodovia MT-251.
 
“Ramis foi um mato-grossense extraordinário e que tem relevantes serviços prestados a Mato Grosso. É considerado por muitos estudiosos como sucessor do Marechal Rondon, refez a linha telegráfica de Barra do Bugres a Vilhena (RO), descobridor de centenas de cavernas no estado, um grande agrimensor, pai de uma família maravilhosa e um homem extremamente ligado a Chapada dos Guimarães”, sintetizou Santos, autor da proposta.

“Eu consultei muitas pessoas sobre qual seria o nome mais adequado, justo, para o Complexo Turístico da Salgadeira. Quando colocado o nome de Ramis era praticamente unanimidade. Eu proponho através de projeto de lei, que a lei possa dar ao Complexo Turístico da Salgadeira o nome de Ramis Bucair por tudo que ele fez a Mato Grosso e ao Brasil”, justificou o vice-líder do governo.
 
Gente nossa
 
 Ramis Bucair nasceu em Poxoréo (251 km ao Sul de Cuiabá), no dia 13 de junho de 1933, foi criado em Cuiabá. Seu pai, José Bucair, era um comerciante libanês, que veio para a Capital de Mato Grosso em 1922 para abrir uma loja de tecidos e gêneros alimentícios, na atual Rua General Mello.
 
Na capital, seu espírito aventureiro foi cultivado desde a infância em passeios pelos rios, ainda límpidos, Cuiabá e Coxipó. Ramis estudou o primário como interno no Colégio São Gonçalo e completou o ginásio no antigo Colégio Estadual, hoje Liceu Cuiabano.Assim que terminou o curso ginasial, foi completar os estudos em São Paulo, onde fez o curso de Agrimensura e, logo em seguida, o de Espeleologia.José Bucair casou-se com Helena, uma libanesa, e teve quatro filhos.
 
Desde que voltou para Cuiabá, em 1953, ele não parou mais de viajar, pesquisar, fotografar, topografar e colecionar. Na época, Cuiabá tinha carência de engenheiros e não faltou trabalho em seu escritório de engenharia, aberto no centro da cidade.


 
Fazendo levantamentos topográficos para empresas e governos, Ramis Bucair desbravou o Estado de Mato Grosso e participou das últimas expedições do Marechal Cândido Rondon.
 
Como engenheiro, foi responsável por vários mapas do Estado, feitos por meio de levantamentos topográficos in loco.
 
Em 8 de abril de 1959, Ramis Bucair fundou em Cuiabá o "Museu de Pedras Ramis Bucair", para abrigar a sua coleção particular, fruto da paixão do agrimensor e historiador. Trata-se do único museu particular do gênero no Brasil.
 
Situado na Rua Galdino Pimentel, a antiga Rua do Meio, no centro histórico de Cuiabá, o Museu de Pedras Ramis Bucair guarda um acervo particular que conta mais de quatro mil peças arqueológicas, etnográficas e geológicas, além de exemplares de pedras semipreciosas, semi-joias, fósseis pré-históricos, pedras com inscrições rupestres, cristais, rochas raras e até um meteorito.
 
Dois meses depois de fundar o museu, no dia 13 de junho, Bucair se casou com a cuiabana Elza Faria.
 
Juntos, tiveram quatro filhos: Ramis Júnior, também engenheiro, Rosbek, economista, Ramilza, administradora, e Rógina, pedagoga.
 
“Homenagear o mato-grossense Ramis Bucair é uma questão de honra, pois em várias oportunidades colocou a sua própria vida em risco para garantir a vida do próximo, em geral imigrantes, dando a eles o direito de sonhar o eldorado, ajudando a erguer cidades, estabelecer empresas e, principalmente, construir estradas para dar passagem àqueles que abandonavam o conforto da cidade natal para viver o sonho da construção de uma nova comunidade, agregando valor para si, para a sua família, para o nosso Estado e para a Nação”, justifica o deputado.
 
Concessão 
 
Os deputados estaduais aprovaram o Projeto de Lei 17/2018, que autoriza o Executivo a fazer a concessão onerosa de uso do Terminal Turismo Social e de Lazer da Salgadeira. A aprovação do projeto alterou a Lei 6.384, de 1993, que tratava da concessão, pelo fato de alguns itens estarem desatualizados.
 
As principais alterações são com relação à modalidade de concessão, que poderá ser por pregão, chamamento, leilão, conforme determina a lei de licitações públicas. Outra alteração é para dispensa do Estudo de Impacto Ambiental, visto que outros estudos já foram realizados e o licenciamento concedido ao local.
 
A lei aprovada estabelece a concessão por um período de dez anos. A empresa que arrematar ficará responsável por serviços de limpeza, manutenção, conservação e segurança. Em contrapartida, poderá explorar o estacionamento, restaurante e loja de conveniência.
 
A visitação local por trilhas e pontes será gratuita. A cobrança será somente por produtos consumidos ou adquiridos e pelo estacionamento do local. A expectativa do governo, com a nova concessão, é que o Estado arrecade R$ 6 milhões.
 
Devido a dispensa de pauta, o projeto não precisou cumprir a pauta regimental de cinco sessões. Como justificativa, o governo adiantou que a concessão atende recomendações presentes no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), referente a uma ação em tramitação na Vara Especializada do Meio Ambiente. Outro detalhe apontado pelo governo na mensagem foi que a concessão não implica em dispêndio de recursos públicos para manutenção e conservação do local.
 
Além disso, aponta o governo, o modelo previsto vai assegurar a conservação do meio ambiente, aliada à manutenção de um espaço agradável e à prestação de serviços de qualidade para a população. Quanto à urgência da matéria, o vice-líder de governo na ALMT, deputado Wilson Santos (PSDB), disse que foi devido a expectativa com que a população mato-grossense aguarda a “reabertura desse importante ponto turístico, em razão de sua tradição e inquestionável beleza”. O parlamentar fez questão de agradecer os deputados pela aprovação da matéria.

 

Fonte: Olhar Direto

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