Menina de quatro anos morre ao aguardar exame na Santa Casa de Cuiabá

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ALMT TRANSPARENCIA

Uma menina de quatro anos chamada Maria Clara dos Santos Silva morreu na madrugada desta sexta-feira (4), quando aguardava ser submetida a um exame na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. Ela tinha problemas nos rins e estava internada desde o último dia cinco de agosto na unidade.

 

A mãe da criança, Franciane Santos é moradora do bairro Nova Conquista, na capital. Ao Olhar Direto, relatou que sua filha nasceu com tumor em um dos rins. Mas, com um ano e nove meses ela foi submetida a uma cirurgia de retirada.
 
Maria Clara deu entrada na Santa Casa no a parte renal alterada. Durante os 20 dias que ficou internada, ela foi entubada ao menos duas vezes, mas sempre continuava com desconforto.

 

“Os exames davam que a parte renal estava bem alterada. Depois ela foi entubada. Dois dias depois, desentubou. Devido a essa desentubação, ela ficou com um desconforto respiratório. O desconforto foi só aumentando. Eu perguntava o porquê e ninguém sabia. A princípio, falavam que era sequela do tubo, que passa pela garganta”, contou a mãe.
 
O quadro de saúde de Maria acabou se agravando. Um médico plantonista recomendou na última quarta-feira (22), que ela fosse submetida a um exame chamado broncoscopia. “Esse exame é feito por um médico otorrino. Eles haviam solicitado e estavam aguardando. Na verdade não tem médico. Eles fizeram um chamado pelo sistema para o médico vir”, completou.
 
De acordo com Franciane, por meio de funcionários, ela ouviu que o médico morava em Chapada dos Guimarães (a 60 quilômetros de Cuiabá) e prestava serviços na Santa Casa e outros hospitais da capital. “Ela tinha o atendimento, mas precisava do exame para poder saber o que ela tinha e tratar”.
 
Por falta do exame, Maria não resistiu e foi a óbito em decorrência de uma insuficiência respiratória grave, conforme consta na certidão de óbito.
 
O velório acontece nesta manhã no Centro Comunitário do bairro Nova Conquista.
 
Greve
 
Alegando falta de repasses do Executivo Municipal e Estadual, a Santa Casa de Misericórdia continua com os atendimentos suspensos há 25 dias. A dívida da Prefeitura seria de R$ 2 milhões e do Governo de R$ 18 milhões, porém as duas entidades afirmam que os pagamentos estão em dia. A unidade que realiza 900 cirurgias por mês, também não recebe novos pacientes.

Os enfermeiros, médicos e funcionários em geral estariam há quase três meses sem receber.

Ao Olhar Direto, o diretor de Marketing da Santa Casa, Dario Scherner, relatou que isso “é fruto de um sistema falido. Fruto de um descaso generalizado do Poder Público. Não tem como ter gordura para andar das próprias pernas. Sempre estaremos dependendo de um repasse, uma emenda, de um contrato. Lá na ponta vai acontecer isso, as pessoas vão morrer, perder a vida por falta de atendimento. Isso não é uma realidade só em Cuiabá, é em Mato Grosso, no Brasil”, lamentou.

Outro lado

Segundo a Santa Casa de Misericórdia, a menor nasceu com um rim atrófico e outro com funcionamento pleno, porém desenvolveu um tumor renal no único rim que funcionava, então este precisou ser retirado devido ao diagnóstico de câncer. Com isto, ela passou por tratamento quimioterápico, iniciou a hemodiálise e estava em processo para ser transplantada.

Porém, a menina teve complicações no tratamento hemodialítico, na qual apresentou trombose no cateter que realizava hemodiálise e uma insuficiência cardíaca por hipertrofia miocárdica.

"Em relação ao exame de broncoscopia que estava para ser realizado, este não interferiria em nenhuma conduta imediata que pudesse alterar o quadro grave em que a criança se encontrava. O exame seria para fins de diagnóstico, pois havia suspeita de uma estenose de traqueia", diz trecho da nota.

Por fim, a Santa Casa lamentou o falecimento da menor e ressaltou que foi a primeira paciente a realizar tratamento ambulatorial de hemodiálise, pois na Santa Casa não havia o serviço de hemodiálise infantil, desta forma os pacientes precisavam fazer tratamento fora domicilio (TFD), com isso uma mobilização por parte do Instituto Maristela, Cidinho e Marli Becker, Ministério Público Federal através da operação Araraque, CDL Social, Mari Sheffer e emendas do deputado Welligton Fagundes. Com estes apoios a Sociedade Beneficente da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, consegui montar o serviço de nefrologia.

Atualizada às 11h27.

Fonte: Olhar Direto

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