Para Observatório, clubes precisam ir além das notas de repúdio em casos de racismo

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CAMARA VG

A denúncia e o combate ao racismo no futebol não podem ficar restritos às notas de repúdio, reprodução de hashtags e venda de camisas antidiscriminação. Essa é a avaliação de Marcelo Carvalho, idealizador e diretor-executivo do Observatório Racial do Futebol.

Neste final de semana o atacante Gabriel Barbosa, do Flamengo, o Gabigol, denunciou ofensas racistas por parte de membros da torcida do Fluminense, após o clássico Fla-Flu deste domingo (6).

Vitinho, atleta da base do São Paulo, também usou as redes sociais para denunciar torcedores que o xingaram. Não são casos isolados: dados preliminares levantados pelo Observatório apontam que pelo menos 53 casos de racismo e discriminação ocorreram nos estádios de futebol do Brasil em 2021.

“É uma realidade e os clubes precisam ser um pouco mais firmes. Não adianta o clube só se posicionar dizendo, em um caso como o do Gabigol, que o clube está à disposição das autoridades. É preciso que se assuma a responsabilidade”, afirmou Marcelo Carvalho.

O diretor-executivo cobra dos times de futebol que de fato atuem para identificar e banir racistas de seu quadro social e dos estádios. “Todo mundo diz que é antirracista, mas quando há um caso concreto, colocam a palavra da vítima em dúvida”, afirmou.

Marcelo lembrou o episódio do meia Celsinho, do Londrina, vítima de ofensas racistas por parte de um dirigente do Brusque (SC) durante um jogo da Série B de 2021.

Quando o caso ocorreu, todos os clubes divulgaram notas de repúdio. Quando o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) retirou a punição aos clubes de Santa Catarina, não houve reação de nenhuma equipe.

O idealizador do Observatório Racial do Futebol lembra, ainda, que as torcidas passaram a coibir quem atirava objeto das arquibancadas para o gramado, como forma de evitar punições esportivas às equipes, como jogos de portões fechados.

No caso de coibir discursos misóginos, homofóbicos ou racistas, a avaliação dele é de que há receio dos próprios torcedores em colocar em seus clubes a pecha de preconceituosos.

“Não vemos nas torcidas as pessoas se insurgindo contra essas práticas, pelo receio de que o clube fique identificado como racista. Ninguém quer isso. Os clubes precisam ser mais proativos”, resumiu.

Em nota, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro afirmou que “prega a igualdade, o respeito e lamenta e repudia as ofensas dirigidas ao atleta Gabriel Barbosa, do Flamengo”.

O Fluminense informou que “está apurando o episódio em que um torcedor supostamente teria dirigido palavras racistas ao atacante Gabriel Barbosa, ao final da partida deste domingo.

O próprio autor da divulgação do vídeo diz que teve a impressão, sem certeza, de ter ouvido as supostas ofensas, e, neste sentido, o Fluminense informa que está buscando as imagens do estádio a fim de auxiliar na apuração da existência ou não do fato e na identificação de eventual autoria.

O clube reitera que considera intolerável qualquer tipo de preconceito e se orgulha de manter como lema o ‘Time de Todos’, de respeito ao próximo, independentemente de raça, gênero, credo ou orientação sexual.”

O Flamengo divulgou nota em que “repudia veementemente o episódio lamentável ocorrido na partida deste domingo com o atleta Gabigol, que foi vítima de racismo. O clube presta total solidariedade ao nosso atacante. Estaremos sempre ao seu lado, Gabi. Racismo é crime”.

Por meio de nota, o Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ) informou que “está atento aos últimos fatos ocorridos no clássico Flamengo x Fluminense, pela Taça Guanabara, aguarda a documentação do jogo e analisa provas para, depois de minuciosa apuração, tomar às devidas providências e punir com rigor os infratores”.

Fonte: CNN Brasil

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