Sem pagamento de direitos trabalhistas, 300 ex-funcionários de usina passam dificuldades financeiras

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Foto: Reprodução
ALMT TRANSPARENCIA

Fonte: Olhar Direto

Demitidos no final do ano passado, 300 ex-funcionários da Usina Porto Seguro de Jaciara ainda aguardam o pagamento de direitos trabalhistas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Fabricação de Álcool de Jaciara e Região, Isaías Gomes de Souza, denunciou a situação durante protesto na manhã desta segunda-feira (15).

Sob os olhos atentos da segurança armada contratada pela empresa, na ideia de conter um eventual confronto, o ex-funcionário Silvanio José, que é mecânico de veículos pesados, desabafou.

“Isso é uma vergonha, o que está acontecendo aqui. Pais de família, que deixaram as suas casas para vir aqui reivindicar os nossos direitos. Pessoas armadas aqui na frente, como se nós fossemos ladrões. Queremos somente o que é nosso e estamos aqui em paz. Faz seis meses que nós não recebemos. Somos trabalhadores e queremos o que é nosso”, respondeu.

O mecânico de máquinas, Irineu Dias dos Santos, era funcionário desde 1999 e foi desligado de suas funções em janeiro. Ele disse que recebeu apenas a primeira parcela, referente as verbas rescisórias, ou seja, a Usina não estaria cumprindo com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado no início do ano com o Ministério Público do Trabalho de Rondonópolis, onde se comprometeu a realizar os pagamentos divididos em no máximo 10 parcelas.

“Só esse dinheiro que eles deram para nós, esses mil reais de janeiro. Está todo mundo passando por necessidade, porque eles não pagam. Eles contratam segurança armada, para poder nos afrontar”, ressaltou.

O deputado Max Russi (PSB) recebeu a denúncia e reforçou o apoio aos trabalhadores, que já alegam sérias dificuldades financeiras. Os mais de 150 manifestantes asseguram que não sairão do local, até que haja uma negociação efetiva.

Max Russi tem usado a tribuna da Assembleia Legislativa para denunciar o não cumprimento dos acordos por parte da administração da indústria de álcool e açúcar. Ele participou dos protestos iniciais e disse que considera a situação um verdadeiro descaso com as famílias dos trabalhadores, ainda mais nos tempos em que o país e o mundo sofrem com uma pandemia.

“No atual momento, conseguir um novo emprego é uma tarefa muito difícil para essas pessoas. Esses trabalhadores estão passando dificuldade, passando fome, todo tipo de aperto em um momento em que há uma doença, batendo na porta de todos nós.  Eles não estão pedindo esmola, apenas o que é de direito, aquilo que a usina pactuou junto ao Ministério Público do Trabalho. Eu estou do lado dos trabalhadores, procurando todos os órgãos para cobrar uma solução, cobrando uma posição. Vou continuar nessa cobrança, nessa luta”, assegurou.

Trabalho escravo e degradação

Além de não cumprir com os direitos trabalhistas do ex-funcionários demitidos, sem aviso prévio, a Usina Porto Seguro estaria contratando pessoas de outras localidades, sem oferecer condições dignas de moradia, conforme relato de alguns trabalhadores.

Outra denúncia, também feita ao deputado Max Russi, seria de que a empresa estaria descartando restos e recipientes de produtos químicos, como soda cáustica, em locais não adequados, assim como nas áreas de vegetação e próximas à pequenos rios.

“Recebi todas essas denúncias de trabalho análogo à escravidão e de problemas ambientais, inclusive com fotos. Tudo isso será averiguado e apresentado as autoridades. Eu vou cobrar para que seja efetivamente investigado, pois nós não podemos aceitar isso”, assegurou.

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