Caso Leopoldino: ‘Justiça é cega para quem tem poder’, desabafa filho de juiz assassinado

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CAMARA VG

Passados 22 anos do assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, o empresário Josino Guimarães, suspeito de ter encomendado o crime, foi inocentado pela segunda vez. A família, por sua vez, relatou ao portal  não ter recebido a absolvição, uma vez que a “Justiça é cega para quem tem poder”.

À reportagem, o filho mais velho do juiz, Leopoldo Amaral, afirmou que o julgamento em torno da morte de seu pai, que foi finalizado na quarta-feira (23), repetiu a tônica da primeira vez em que Josino sentou no bando de réus sobre o caso. “Como foi manipulado no primeiro, não houve mudança nenhuma (no segundo)”, disparou.

Conforme noticiado pela reportagem, o julgamento do caso carrega a insígnia de ser um dos casos mais emblemáticos do Judiciário mato-grossense. Isso porque, na época do crime, em março de 1999, Leopoldino elaborou uma lista elencando nomes de juízes e magistrados que estariam envolvidos em vendas de sentenças no estado.

No centro do esquema, segundo o juiz, estaria o empresário na intermediação entre os magistrados e os demais interessados. Ao longo do segundo julgamento do caso, o promotor de Justiça, Fabrício Carrer, afirmou que Leopoldino foi assassinado 3 dias antes de prestar depoimento na CPI do Senado que apurava as supostas negociações.

O novo júri, que se estendeu durante 3 dias, avaliou todos os apontamentos do Ministério Público Federal e a argumentação da defesa do empresário. Ao final, o juiz federal Paulo Sodré entendeu que não havia provas suficientes que ensejassem a condenação de Josino, absolvendo o então réu.

Aos presentes, após o julgamento, o magistrado chegou a afirmar que a Justiça não tem interesse algum na absolvição ou condenação de quem quer que seja. Antes disso, na verdade, o Judiciário busca o cumprimento da lei. Sodré finalizou ainda apontando que a Justiça federal estava com a “missão cumprida” após o encerramento do caso.

Para o filho do juiz assassinado, houve falta de investigação do caso, sobretudo quanto às denúncias feitas pelo seu pai. E, por conta disso, o novo júri foi uma “perda de tempo”, uma vez que na perspectiva de Leopoldo o julgamento estaria com as “cartas marcadas”.

“Para mim, é ponto final (o caso). A Justiça é cega somente para quem tem poder. Os antigos coronéis”, disse à reportagem. Em tom de revolta, o filho do magistrado afirmou ainda que a família não só sabia que o resultado final seria a absolvição do réu como também se organizou para não ir ao júri como forma de protesto.

“Acredito que se o julgamento fosse fora do estado algum resultado teria. Se fosse fora de Mato Grosso, poderíamos ter surpresa. Mas, como não foi…”, apontou. “Não estou falando que foram incompetentes, mas não é preciso ser doutor para saber como funcionam as manipulações”, acrescentou.

Questionado sobre as acusações feitas contra seu pai à época, Leopoldo afirmou que os apontamentos feitos a respeito de seu pai nunca se provaram e que as alegações não teriam passado de uma espécie de cortina de fumaça para desviar o foco das denúncias.

A suspeita que circundava a carreira do juiz foi apontada pela Corregedoria da Justiça de Mato Grosso após Leopoldino denunciar membros do Judiciário mato-grossense.

Conforme a Corregedoria, Leopoldino supostamente teria realizado desvios da ordem de até R$ 6 milhões, no valor da época, da Vara de Família e Sucessões, da qual era titular.

Ao comentar sobre o fato, o filho do juiz afirmou que houve uma tentativa de sujar o nome de seu pai. “Inventaram uma situação para desviar o foco. Com isso que ocorreu, o que nos dá paz e tranquilidade é saber que a dignidade do meu pai, por mais que tenham tentado tirar, manchar o nome, felizmente só tentaram, mas não conseguiram, afirmou.

Com encerramento do segundo júri do caso, do qual o Ministério Público Federal já se pronunciou dizendo que não irá recorrer, o filho do juiz assassinado afirmou que a família está em paz e considera que a situação está finalizada, imperando a injustiça. “Hoje, vai ter muita gente que vai descansar e vai dormir, porque eu nunca vi um morto incomodar tanta gente”, finalizou.

Fonte: Gazeta Digital

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