Modos de morrer e modos de mostrar a morte

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O diálogo sobre modos de morrer e modos de mostrar a morte foi coordenado pelo professor doutor e jornalista Pedro Pinto de Oliveira, com a participação do professor doutor Vinicius Guedes Pereira de Souza e do mestrando do PPGCOM/UFMT Marcelo Duarte.

Julia Munhoz*

Da Redação

As interseções entre as noções de pensamento, os conceitos de primeira e segunda realidade e a própria definição de imagem com os modos de morrer e os modos de mostrar a morte foram tema de debate entre pesquisadores e pesquisadoras dos programas de Pós-graduação de Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO) e Comunicação e Poder (PPGCOM), ambos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), nesta sexta-feira (19.05).

 

O diálogo partiu dos achados de pesquisa do professor doutor Vinicius Guedes Pereira de Souza, do PPGCOM, onde ele aborda o atual neonazismo brasileiro – o nazifascismo, também recebe o nome de bolsonarismo, a partir das noções de pensamento tempo-histórico-linear, pensamento mágico-imagético-circular e da tabela de mídias, dimensões e realidades.

 

Para o pesquisador é preciso refletir sobre quais as intenções por trás de quem produzir e transmite informações e imagens do cotidiano, a partir de representações e recortes, o que ele situa como segunda realidade: quando a situação cotidiana não é presencialmente experienciada por quem a reverbera.

 

“As informações são mediadas. Elas são sempre dependentes da mídia em que ela é transmitida, das dimensões em que elas são transmitidas e também pela primeira realidade, que é a realidade presencial, e da segunda realidade que depende absolutamente das intenções, dos interesses e das opiniões e mesmo das limitações de quem produz e distribui”, explicou.

 

Na relação com a morte, Vinícius ainda apresentou o conceito de imagem da palavra em latim imago, que designa a máscara mortuária levada nos funerais da antiguidade como uma tentativa do homem em vencer a morte. “Assim como nasce, o fascismo tem uma relação muito profunda com a morte. A morte do outro, o assassínio e a própria morte, o suicídio”.

 

Precedendo a essas discussões, o mestrando do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Poder (PPGCOM) Marcelo Duarte falou sobre a pesquisa que tem desenvolvido sobre as subtipologias da morte assistida em uma perspectiva comunicacional pragmatista. “São maneiras de pensar essa prática de antecipar a morte no contexto sociocultural contemporâneo”.

“Foram assuntos que se interconectaram, houve debate, houve muita troca de informação e foi uma experiência então pra mim riquíssima. Fiquei muito feliz de participar desse debate”

 

Segundo Marcelo, essa discussão sobre as subtipologias da morte assistida só foi possível devido ao contexto histórico atual. “Quando você passa pelo tempo histórico linear a morte também passa a ter uma certa ordem de progressão. Significa que depende do tempo histórico e do contexto o modo de pensar a morte vai ser alterado. No nosso caso a morte assistida só foi possível em nosso momento histórico. Em outro não seria. Isso se dá a partir da linearidade do tempo”.

 

O diálogo foi coordenado pelo professor doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e jornalista Pedro Pinto de Oliveira, como parte do cronograma da disciplina “O pensamento em ação e a imaginação criativa”, do ECCO e do PPGCOM. Para o professor Vinícius Guedes a iniciativa integra conhecimentos e contribuí para a relação docente/discente.

 

“Foram assuntos que se interconectaram, houve debate, houve muita troca de informação e foi uma experiência então pra mim riquíssima. Fiquei muito feliz de participar desse debate, agradeço ao professor Pedro”, finalizou.

 

O professor Pedro Pinto de Oliveira destacou a importância da experiência para mestrandos e doutorandos de assistir e participar desses diálogos científicos

Os alunos e as alunas tem a oportunidade de ver como cada pesquisador toma a sua temática e como articula seus passos metodológicos. Tem a ideia do singular em cada aula e do conjunto formado pelo todo da participação dos nossos convidados e convidadas na disciplina. Um conhecimento por montagem, que é visto na perspectiva de possíveis analogias”, afirmou.

 

26/05 – Narrativas da memória no audiovisual: lembrança, esquecimento e legibilidade histórica. Convidada: Profª. Drª Letícia Capanema.

02/06 – Comunicação e Poder, verdade única e repulsa ao outro. Convidado: Prof. Dr. Bruno Araújo

09/06 – A identidade feminina no contexto contemporâneo. Convidada: Profª. Drª Maristela Carneiro.

16/06 – Imagens e a metodologia de aproximação & analogia. Convidado: Prof. Dr. Rodrigo Portari.

 

Confira o perfil do professor convidado:

 

Prof. Dr. Vinicius Guedes Pereira de Souza

 

Doutor e Mestre em Comunicação pela UNIP, São Paulo. Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero (1992). Professor de graduação em Jornalismo e de mestrado em Comunicação e Poder na Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Coordenador do grupo de pesquisas CICLO – Grupo de Pesquisa em Comunicação, Política e Cidadania-UFMT. Pesquisador do Alterjor-ECA-USP. Fotógrafo, jornalista e documentarista independente. Fundador e colaborador da MediaQuatro e do coletivo Jornalistas Livres. No PPGCOM, atua na Linha 2 – Estéticas e Narrativas.

Áreas de interesse: Imagem; Comunicação e Direitos Humanos; Jornalismo; Fotojornalismo; Documentário; Mídia Alternativa; Memória e Imaginário.

 

*Julia Munhoz é jornalista do PNB Online e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO), da UFMT.

 

FONTE:PNB ONLINE.

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