Reduzindo os impactos do autismo na audição

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Reprodução
CAMARA VG

O autismo é um transtorno neurológico na criança que causa alterações na comunicação, dificuldade ou ausência de interação social e mudanças no comportamento, sendo geralmente identificado entre os 12 e 24 meses.

O tema deste artigo, que ressalta a questão da audição, vem ao encontro da proposta do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado todo dia 02 de abril, que é de conscientizar a população sobre este transtorno que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.

As causas não são totalmente conhecidas, mas há estudos atuais que sugerem que os fatores genéticos (doenças como Síndrome de Down, Síndrome do X Frágil e esclerose tuberosa), hereditários (onde na família já há pessoas com Autismo) e ambientais como gravidez de alto risco, pais com idades avançadas consumo de bebida alcoólicas, tabaco, medicamentos ou outras drogas durante a gestação ou o baixo peso ao nascer podem favorecer o aparecimento do autismo.

São comportamentos comumente encontrados no autista: pouco contato visual, fica desconfortável em meio a outras pessoas, possui comportamentos repetitivos, como ficar balançando o corpo para frente e para trás, fica andando em círculo, fixação por muito tempo em detalhes de um brinquedo, como por exemplo, o vidro do seu carrinho ou números. Há o prejuízo na comunicação, como ter dificuldade em iniciar e manter uma conversa, dificuldade em compreender o ponto de vista de outra pessoa, e costuma repetir várias vezes palavras ou frases, há a dificuldade em compreender figuras de linguagem ( humor ou sarcástica) ,voz monótona , não responde quando é solicitado ou demora para responder quando é chamado. Fica aborrecido com pequenas mudanças nos hábitos, não sabe brincar de faz de conta.

Pessoas diagnosticadas com autismo têm dificuldade para dormir e podem frequentemente apresentar nervosismo e agitação.

O diagnóstico do autismo é feito por um neurologista. Seu tratamento envolve uma equipe disciplinar formada pelo neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional. Esse diagnóstico é feito através da observação da criança, de informação sobre a idade dos pais, gestação e parto e realização de alguns testes de diagnósticos, como exame de sangue e exames de audição.

Em adultos, o diagnóstico pode ser um pouco mais difícil, pois os sintomas do autismo podem ser similares a outros transtornos, como ansiedade e déficit de atenção, por isso ao perceber sinais semelhantes como dificuldade em interação social ou comunicação, movimentos repetitivos , uma consulta com um neuropsicólogo ou psiquiatra deve ser realizada para uma avaliação mais precisa.

O autismo pode ser confundido também com timidez, “esquisitice” ou falta de atenção. Assim, em caso de dúvida uma consulta com o médico deve ser realizada para que o tratamento seja o mais adequado.

A perda auditiva não é comum no autista, a não ser em casos que há a perda auditiva associada ao transtorno. Porém, como a audição é fundamental para que haja a comunicação, muitas vezes a perda auditiva é questionada. Daí a necessidade imensa de testes auditivos para verificar a audição do autista.

A intervenção terapêutica deve ser realizada somente com acompanhamento médico e varia de acordo com as necessidades individuais podendo incluir uso de medicamentos e suplementos, terapia fonoaudiológica para melhorar a fala e a comunicação, terapia comportamental para facilitar as atividades diárias e terapia em grupo para melhorar a socialização.

Uma dieta balanceada com o nutricionista pode ajudar a melhorar o sono, a irritabilidade e também o apetite.

O fonoaudiólogo atua com o autista com o objetivo de reduzir os impactos deste transtorno na audição e fala, além de favorecer a independência cognitiva e funcional do autista, promovendo assim a facilidade na sua interação social. O propósito é auxiliar a pessoa a se comunicar de maneiras mais úteis e funcionais. Assim, quanto mais cedo a reabilitação for iniciada, melhores serão as respostas do autista aos estímulos apresentados. Intervenção precoce é prioridade e fundamental.

O autismo não é uma doença, mas sim uma forma diferente de se expressar, não tem cura e não se agrava com o tempo. Assim, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhores serão a qualidade de vida e autonomia dessa pessoa.

Vanessa Moraes e fonoaudióloga e audiologista.

 

Fonte: Gazeta Digital

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