Há quase 29 anos uma mãe luta para reencontrar sua filha que sumiu misteriosamente no dia 1º de janeiro de 1995 em Cuiabá. Quase três décadas após o desaparecimento de Michelle de Arruda de Moraes, o tempo não foi capaz de eliminar as dores emocionais e a saudade da mãe, Kenia Marcia de Moraes, 49, mas também não colocou fim à sua infinita esperança do sonhado reencontro.
“Tenho certeza que minha filha está viva e vou reencontrá-la para dar um abraço forte e ainda viver ao lado dela”.
Todo dia 13 de julho, aniversário de Michelle, a mãe e sua outra filha, Liziany Lins, divulgam nas redes sociais foto da criança desaparecida na busca incessante de realizar o sonho. “O coração de mãe não se engana. Tenho certeza que minha filha está viva e vou reencontrá-la para dar um abraço forte e ainda viver ao lado dela”, diz Kenia.
O caso foi registrado como sequestro pela primeira vez na Polícia Civil no dia 2 de janeiro de 1995. Em julho deste ano, um novo boletim de ocorrência foi registrado para impulsionar novas investigações. Mas até o momento não houve avanço. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil para obter informações. Porém, não houve resposta.
Eram 9 horas da manhã do dia 1º de janeiro de 1995 quando Michelle, então com 3 anos, brincava com sua irmã de apenas 2 na área de sua casa, na Rua Rio Grande do Sul, no CPA II. Numa época em que eram raras as câmeras de vigilância e com as ruas vazias por conta do feriado, alguém aproveitou que o portão estava sem cadeado, entrou na casa e levou a menina. Kenia lembra que sentiu imediatamente a falta da filha, convocando vizinhos para auxiliar nas buscas. Mas não houve nenhum sinal de que ela estaria por perto.
Nestas quase três décadas, surgiram informações vagas sobre o paradeiro de Michelle, que hoje estaria com 32 anos. Por conta disso, a mãe mudava para outras cidades, a partir destas pequenas pistas, com a esperança de localizar a menina filha.
“Já morei em Franca (SP) e Goiânia (GO), cidades em que minha filha poderia estar. Em todo lugar eu levava fotos dela. Passava em porta de loja e pedia para exibirem a foto da minha filha sequestrada. Também pedia ajuda em jornais e TVs. Sempre trabalhei como faxineira e pedia para não assinarem minha carteira de trabalho porque sempre poderia mudar de cidade em busca da minha filha”, diz Kenia, que atualmente trabalha em um hotel em Cuiabá e não quis mostrar o rosto nesta reportagem.
No final dos anos 90, ela foi até Uberaba (MG) para uma consulta com o médium Chico Xavier. A ideia era, a partir da conversa, ser obter informação do paradeiro de sua filha mediante ajuda espiritual. “Quando estava na fila para atendimento, o Chico Xavier veio até mim e disse o seguinte: “O que você procura não está aqui”. Ali eu tive a certeza de que minha filha não estava morta. Ele [Chico Xavier] pediu para eu continuar lutando porque minha filha estaria próxima. Tenho certeza que a Michelle foi sequestrada por alguém que tinha a ideia de criá-la. Tomaram minha filha de mim”.
Enquanto segue na luta, o destino reservou a Kenia a criação de outros cinco filhos, um deles adotivo. Atualmente tem sete netos. Desde o desaparecimento da filha na virada do ano, no entanto, a felicidade da família é restrita no Réveillon, mantendo-se distante das celebrações. “Deus é testemunha do quanto já chorei. Não comemoro Natal e Ano Novo. A comemoração do Dia das Mães não é fácil. Tenho a fé e a esperança de reencontrá-la. Será o maior presente que terei antes de morrer”, conclui.
Progressão de foto
Em novembro, a reportagem procurou o artista plástico Hidreley Dião, que mora em Botucatu (SP), famoso na Internet pela progressão de fotos que envolve Photoshop e outros aplicativos de modificação de imagens, como FaceApp, Remini e Gradient.
A proposta foi ter uma ideia de como aquela criança de 1995 estaria hoje. Hidreley colaborou com a reportagem, elaborando um retrato de progressão da menina aos 32 anos.
“Eu faço um estudo dos rostos, e isso os apps não fazem sozinhos. Se você colocar só no aplicativo, ele não vai colorir e nem colocar na idade que a pessoa teria hoje. Com meu trabalho, ajusto para a idade que quero recriar naquela pessoa. A ideia é ter o retrato mais próximo do que é real”, explica Hidreley.
O trabalho do artista digital é reconhecido em várias partes do Mundo. A pedido dos artistas, ele fez progressão de imagem a pedido dos cantores Madonna e Eric Clapton.
O trabalho de Hidreley Dião pode ser conferido no Instagram pelo perfil @hidreley
Possíveis informações do paradeiro de Michelle poderão ser repassadas a sua irmã Liziany Linz pelo seguinte número de contato: (65) 9 8118 6985